quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Febre Reumática


1. O que é a febre reumática?

A febre reumática (FR) é uma seqüela de infecção na garganta que não foi devidamente tratada e causada pela bactériaStreptococcus beta hemolítico do Grupo A. Pode afetar o coração, o cérebro, as articulações e o tecido subcutâneo.

2. Quem pode ter febre reumática?

A febre reumática pode ocorrer em qualquer idade, mas os mais acometidos  são crianças acima de 5 anos e adolescentes. Para apresentar a febre reumática, é preciso ter predisposição genética e, por isso, apenas cerca de 3% daqueles que tem infecção na garganta pelo Streptococcus apresentam a doença.

3. Quais os principais sintomas?

As principais manifestações são  decorrentes do comprometimento inflamatório de articulações, coração, SNC e pele. Podem ocorrer manifestações inespecíficas como febre, indisposição e palidez. As manifestações mais características são artrite, cardite, coréia, nódulos subcutâneos e eritema marginado (eritema cutâneo róseo, evanescente, não pruriginoso, que pode ser desencadeado por banho morno).

4. Como é a artrite da FR?

É uma artrite migratória de grandes articulações (joelhos, cotovelos, tornozelos, punhos), sendo as dos membros inferiores tipicamente envolvidas no início do quadro. A dor articular costuma ser mais proeminente que os outros sinais inflamatórios. Geralmente é a manifestação mais precoce e está presente em 60-80% dos casos.

5. E a cardite?

Na febre reumática o comprometimento cardíaco ocorre na forma de uma pancardite, ou seja, inflamação miocárdio, pericárdio e endocárdio. É a manifestação mais significativa da febre reumática pois pode causar danos permanentes no coração . O paciente pode apresentar taquicardia, sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, arritmias, atrito pericárdico ou pode ser assintomático, o que dificulta o diagnóstico. O acometimento valvar é muito comum, na fase aguda ocorrem lesões regurgitativas (insuficiência) e na fase crônica são mais comuns lesões obstrutivas (estenose). As valvas mais acometidas são, nessa ordem, mitral, aótica, tricúpide e pulmonar. As lesões cardíacas ocorrem em cerca de 50% dos casos.

6. O que é a coréia de Sydenham?

É um distúrbio do movimento que ocorre devido a inflamação do sistema nervoso central (gânglios da base e núcleo caudado), ocorrendo em 15% dos pacientes.  È caracterizada por movimentos involuntários, abruptos, incoordenado, principalmente em face e extremidades. Ocorre mais freqüentemente em meninas na idade escolar. Os movimentos anormais se acentuam com os esforços e as emoções e reduzem-se ou desaparecem com o repouso e o sono. Freqüentemente as crianças acometidas exibem disfunção psicológica concomitante, principalmente transtornos obsessivo-compulsivos, aumento da labilidade emocional (choro fácil, irritabilidade, agressividade) e comportamento incompatível com a idade. Podem apresentar baixo rendimento escolar, careteamento e piora da caligrafia. Essa é uma manifestação que pode aparecer até doze meses após a infecção estreptocócica ( média de 2 -4 meses), podendo se manifestar de forma isolada. Portanto deve-se sempre considerar a febre reumática entre os diagnósticos diferenciais em uma criança que se apresenta com coréia.

7. Que outras manifestações podem surgir?

Outras manifestações podem surgir como: hemorragia nasal, serosite (inflamações de pleura, peritônio, pericárdio), pneumonite, nefrite e encefalite.

8. Quais são as conseqüências da doença?

As mais temidas conseqüências da febre reumática são as seqüelas cardíacas que sucedem às crises agudas. Essas complicações correspondem principalmente às lesões das válvulas mitral e aórtica, que podem se tornar muito fechadas (estenose) ou abertas (insuficiência). As lesões valvulares reumáticas são as mais freqüentes lesões cardíacas nos jovens, sendo causa de cerca de 40% das cirurgias cardíacas realizadas no Brasil.

9. Como é feito tratamento?

O primeiro passo para o tratamento da febre reumática é a erradicação do estreptococos com o uso de antibióticos. Os melhores resultados são conseguidos com penicilina G benzatina em dose única.
As  manifestações articulares sem outras complicações podem ser tratadas com aspirina ou antiflamatórios não hormonais (ibuprofeno, naproxeno). As manifestações cardíacas requerem uso de corticóide; dependendo da gravidade do quadro podem ser feitos corticóides via oral (prednisona) ou endovenoso na forma de pulsoterapia (metilprednisolona).  . Para o tratamento da coréia podem ser utilizados o haloperidol ou o ácido valpróico, ambos com bons resultados.  Para evitar que ocorram novos curtos após o controle da fase aguda, é necessário que seja feita a profilaxia que deve ser iniciada na fase aguda, após 10 dias da erradicação do estreptococos. A droga de primeira escolha é a penicilina G benzatina na dose de 1.200.000 UI  a cada 3 semanas. 

10. Por quanto tempo deve-se fazer a profilaxia da FR?

A duração da profilaxia baseia-se na presença ou ausência de cardite. Se não houver comprometimento cardíaco deve-se manter a profilaxia até os 18 anos ou até 5 anos após o último surto (escolher o que for mais longo).  Se houver cardite sem seqüelas valvares deve-se manter profilaxia até os 25 anos ou até 10 anos após o último surto (escolher o que for mais longo). Porém, se houver cardite com seqüelas valvares, a profilaxia deverá ser feita durante toda a vida.

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